sexta-feira, julho 25, 2008

EXU DE DUAS CABEÇAS

Este e-mail foi enviado para uma lista de discussão sobre Umbanda em 21/07/2008. Estou mantendo-o na íntegra, com exceção das imagens, inclusive com os erros de digitação e o nome da autora:

Exu de Duas Cabeças

A simbologia que envolve essa entidade nos remete aos remotos tempos da civilização.A dualidade revelada em seu ponto cantado revela que são duas forças de trabalho, polaridades.

Polaridade masculina que atua nas encruzilhadas macho(em forma de cruz), atuantes com a supervisão de Ogum, independente da sua energia principal focalizada em Exu Guardião Lúcifer.

Essa nomenclatura não identifica um demônio e sim uma sintonia de evolução energética. Os Exus que trabalham nesta legião combatem as influências destruidoras da fé e esperança. Retiram ilusões que cegam as almas escravizadas ou viciadas por quimbas.

Nesta sintonia de Duas Cabeças, o Exu Guardião Lúcifer se complementa com a polaridade feminina que não revela para qualquer pessoa seus mistérios. Não precisa se associar com outra entidade em trabalho, ou seja seja fazer par com outra Pomba Gira para realizar um trabalho que necessite dessa complementação.

Suas entregas são realizadas em encruzilhadas de terra, em descampado, sem moradias próximas, em virtude da radiação emanada pela tarefa realizada. Ou seja se ele se propõe retirar de uma moradia uma legião de espíritos obssessores, esse local de retirada e ficará contaminado e vulnerável. Somente a energia próxima da natureza pode receber e transmutar essas influências.

Quando incorpora se apresenta ora como Exu e a seguir como Pomba Gira.

Quanto aos seus mistérios de tratamento, serão revelados pela entidade, não me cabe interferir na evolução energética do médium.

Suas qualidades e direções de trabalho podem ser encontradas nas definições que pesquisei para complementar o texto.

A "Águia de Duas Cabeças de Lagash" é o mais antigo brasão do Mundo:. Nenhum outro símbolo emblemático no Mundo pode rivalizar em antiguidade:. A sua origem remonta à antiquíssima Cidade de Lagash aos cinco mil anos antes de Cristo:. Situava-se na Suméria, no sul da Babilónia, entre os rios Eufrátes e Tigre,no Iraque:.cinco mil anos antes de Cristo:. No ano 102 a.C. a Águia seria um símbolo da Roma Imperial:. Mais tarde, já como potência mundial, Roma utilizou a Águia de Duas Cabeças, uma voltada a Este e outra a Oeste, como símbolo da unidade do Império:. A inscrição em Latim por debaixo da Águia de Duas Cabeças - "Spes Mea in Deo Est" - significa: "A Minha Esperança Está Em Deus":. uma águia de duas cabeças com o número 33 no peito. O 33.o grau é o grau mais elevado que um maçon pode alcançar e que o autoriza a ter no seu avental um bordado de uma águia de duas cabeças de Lagash Fonte:
Scottish Rite

Essas aí são as serpentes astecas de duas cabeças. Na mitologia Asteca - e também na Maia e Inca, se não me engano - a serpente simboliza o contato entre o mundo espiritual e o terreno. É uma espécie de mensageira dos deuses. Por isso as duas cabeças - uma leva e a outra traz.

Segundo a mitologia romana, mas também etrusca, Jano (do latim Janus ou Ianus) era o porteiro celestial, sendo representado com duas cabeças, simbolizando os términos e os começos, o passado e o futuro, o dualismo relativo de todas as coisas, sendo absoluto somente a Divindade. Em seu templo, as portas principais ficavam abertas em tempos de guerra e eram fechadas em tempos de paz. Jano preside tudo o que se abre, é o deus tutelar de todos os começos; rege ainda tudo aquilo que regressa ou que se fecha, sendo patrono de todos os finais. Jano foi a inspiração do nome do primeiro mês do ano (janeiro, do latim januarius).

Ortro era um cão de duas cabeças, filho de Tifon (o deus grego da seca) e Equidna (uma criatura metade mulher e metade serpente, chamada de “a mãe de todos os monstros”), e irmão de Cérbero, o cão de três cabeças que guardava a entrada do Hades(similar ao inferno dos cristãos).

Ortro era o mascote de Gerion (um gigante de três corpos), a quem ajudava a apascentar um enorme rebanho. Foi morto por Hércules (ou Héracles) em um dos 12 trabalhos, quando o herói deveria capturar os rebanhos de Gerion.

A Prudência apresenta duas faces (simbolizando a necessidade de prestar atenção ao que se passa em todas as direções do espaço que nos rodeia, prevenindo a surpresa ou a traição). Um dos rostos olha-se ao espelho que segura com a mão esquerda (este permite o conhecimento do nosso aspecto exterior para que possamos saber como os outros nos vêem, e funciona como símbolo da introspecção). O capuz enfatiza a ideia de recato e mistério, poderosos aliados da prudência, e resolve não apenas o resultado estético desagradável das duas cabeças geminadas, mas também a dificuldade técnica da sua concepção.

texto da Bebel

Pois bem... é tanta bobagem que fico perdido, não sei por onde começar.

Antes de mais nada, quero esclarecer que não acredito em múltiplas verdades. Nos foruns de discussões sobre Umbanda é comum lermos as mais absurdas asneiras e ao final nos depararmos com esta pérola: "esta é a minha verdade".

O pior é que escrevem isto de uma forma quase filosófica, mas ao mesmo tempo rechaçando qualquer tipo de comentário contrário àquela idéia. Enfim, é algo como "escrevi uma tremenda bobagem, não faz sentido teológico, cosmogônico ou lógico absolutamente nada que expus, mas não quero que ninguém contrarie a minha verdade."

A Verdade é una.

Pode até estar fragmentada e/ou adaptada aos diversos graus de discernimento, mas não temos quantas "verdades" quantas sejam as criaturas humanas, já que Deus não é "Deus de confusão", muito menos o Mundo Espiritual. Em termos espirituais, as coisas estão definidas desde o início das Eras, portanto não há multiplicidade, assim como transitoriedade, temporalidade ou relativismos, como querem alguns.

Muita gente pergunta como identificar esta Verdade, mesmo que fragmentada. Simples: passe tudo pelo crivo da lógica, e caso o conceito vaze por esta "peneira" ele é falso. Caso passe, submeta-o aos testes da coerência e do aceitável. Se passar por todos estes requisitos, você terá uma certa segurança em seguir aquilo.

Dito isto, vamos passar a análise do texto sobre o tal "Exu de Duas Cabeças".

Vamos começar afirmando que não existe tal "exu". E sabe por quê? Porque não existe nenhum Espírito que seja "siamês". Simples assim.

Mesmo em se tratando de siameses, incluso o raro caso das jovens siamesas inglesas, que apresentam duas cabeças em um mesmo corpo, cada uma daquelas consciências é um espírito diferente. Não há registro na literatura médica sobre siameses de sexos diferentes. Portanto, como teriamos um espírito que se apresentaria de tal forma?

Por outro lado, coisa comum, corriqueira no meio, é relacionar os Exus Guardiões, com o tal "exu" Lúcifer. Vamos deixar claro, de uma vez por todas, que tal "exu" não existe. Esta associação de Exu como o "mal", vem da contaminação, da qual a maioria dos umbandistas ainda não se livrou, dos conceitos judaicos-cristãos sobre céu e inferno, assim como a absoluta falta de conhecimento sobre os mitos e demais simbologias esotéricas. Enfim, falta cabedal iniciático, esotérico...

Por conta desta mesma contaminação, é que temos Exu sempre associado ao diabo judaico-cristão e, por consequência, nos deparamos sempre com as ridículas imagens de cor vermelha, chifres, patas de bode e tridente.

É o sincretismo imposto pela Igreja Católica aos negros escravos sendo referendado pelos praticantes das religiões de origem africana, o vassalismo dos umbandistas aos conceitos deturpados da mesma, é a demonização da Umbanda por aqueles que sempre, aos berros, afirmam que Exu não é o demônio, mas mantêm em suas tronqueiras imagens que o representam como tal.

Por outro lado, como uma Entidade pode se manifestar, ao seu bel prazer, com polaridades tão diferentes? Em um momento é Exu e em outro Pomba-Gíra? Novamente vemos a falta de conhecimento iniciático, já que desconhece um princípio hermetico básico: o Principio do Gênero.

O axioma hemético que define este princípio é o seguinte:

"O Gênero está em tudo; tudo te o seu princípio masculino e o seu princípio feminino; o gênero se manifesta em todos os planos."

Ora, este Princípio encerra a verdade de que o Gênero se manifesta em tudo; que o princípio masculino e o feminino sempre estão em ação. Isto é certo não só no plano físico, mas também nos planos mental e espiritual. No plano físico este princípio se manifesta como sexo, sendo que nos planos superiores toma formas SUPERIORES, mas é sempre o mesmo. Nenhuma criação, quer física, quer mental ou espiritual, é possível sem ele.

Quanto ao restante do texto, com toda aquela confusão de simbolismos mitológicos das mais diversas origens, não vou perder meu tempo (e nem o do leitor) em comentar.

Para finalizar, quer deixar patente que Exu nada tem em comum como o demônio judaico-cristão ou de qualquer outra manifestação filo-religiosa. O tal "exu Lúcifer" é uma invenção igual ou pior a este "Duas Cabeças" e tanto outros que pululam em nossos Terreiros.

Não é possível, muito menos lógico, que o BEM e MAL convivam em harmonia, não sendo aceitável que após a presença das Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos, se manifestem em nossas Casas Espirituai, seres dicotômicos, sem ética, pronto para fazer o bem ou o mal, de acordo com a "salva" que receber.

A exortação que faço aos Umbandistas sinceros, é que excluam de seus Terreiros tais manifestações dantescas e completamente estranhas aos princípios básicos de amor, caridade e paz que a Umbanda prega.